4 de março de 2010

Jovem assassino de Glauco e Raoni é adepto do Santo Daime

Carlos Eduardo, fiél do Santo Daime

O universitário Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, assassino confesso do cartunista Glauco e seu filho Raoni, queria ajuda para provar à mãe que é Jesus. A versão foi contada pela enteada e pelo cunhado de Glauco, Douglas Pinheiro, que prestaram depoimento em Osasco.

Segundo Pinheiro o suspeito rendeu a família e queria levar todos para sua casa para que eles o ajudassem a convencer a mãe de que é Jesus. Glauco resistiu à ideia de levar todos e se prontificou a ir sozinho, mas ainda assim foi atingido por quatro tiros.

Primo de Glauco e um dos fundadores da igreja Céu de Maria, Orlando Cardoso de Oliveira, disse que o suspeito rendeu a enteada do cartunista e a fez bater na porta da casa de Glauco.

Segundo ele, Glauco saiu da casa e teve uma arma apontada para a cabeça. Foi quando o suspeito pediu que ele o acompanhasse até a casa dele.

“Ele escolheu o Glauco talvez pelo fato de ele ser um líder e carismático”, disse Oliveira. Quando Glauco já estava entrando no carro, o filho Raoni chegou, de acordo com o parente. O suspeito, então, ameaçou se matar e chegou a apontar a arma para a própria cabeça

O assassino Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, não trabalha nem estuda. Há cerca de dois anos foi detido pela polícia por porte de maconha.

"Ele já fumou maconha... Fazia isso de vez em quando. Mas não chegava a ser um problema. Ele nunca foi internado", disse o irmão de Carlos Eduardo, Carlos Augusto, dois anos mais novo.

"Os problemas que ele teve foram com o Santo Daime, que mexe com o cérebro. Tomava todo dia. Num Réveillon ele surtou. Teve taquicardia e desmaiou. Precisei socorrê-lo.

"Filhos de pais separados, os dois vivem desde pequenos com os avós paternos numa vizinhança de classe média alta no Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo).

Carlos Augusto diz que Glauco era o padrinho de seu irmão na comunidade Céu de Maria. Frequentadores da comunidade disseram à polícia que o jovem havia buscado a ajuda da Céu de Maria para se livrar do vício da cocaína. Era lá que ele tomava o chá do Santo Daime.

O chá é uma droga alucinógena que atua no cérebro e faz com que a pessoa tenha delírios e visões psicóticas, que são tidas pelos fiéis como revelações incontestáveis de deus.

No dia 25 de janeiro, Carlos Eduardo foi à casa de Glauco comemorar sua recuperação completa. Segundo o irmão, Carlos Eduardo tinha dificuldade nos estudos. Ele chegou a se matricular no curso de design de moda do Centro Universitário Belas Artes, mas desistiu antes do início das aulas.

Segundo a polícia, além desse curso, ele também teria frequentado outros três cursos, mas não concluiu nenhum. O único trabalho que Carlos Eduardo teve foi como garçom num restaurante, depois de fazer um curso de gastronomia.

O Santo Daime é uma religião originária do norte do Brasil. Segundo o site da igreja, o "culto eclético da fluente luz universal" é um trabalho espiritual, que tem como objetivo alcançar o autoconhecimento e a experiência de deus ou do eu superior interno."

Para isso, eles se ultilizam, dentro de um contexto ritual tido como sagrado, da bebida enteógena sacramental conhecida como ahyausca e que foi rebatizada pelo Mestre Irineu, fundador da igreja, como Santo Daime.

Os adeptos lembram que o uso de uma substância enteógena como sacramento parece ter feito parte das principais tradições religiosas da antiguidade e fornecido a base visionária de muitas das principais grandes religiões hoje existentes no mundo.

O uso do sacramento Santo Daime é relizado nas datas do seu calendário festivos, obedecendo as regras rituais que foram estabelecidas pelo Mestre Irineu e pelo Padrinho Sebastião.

A doutrina do Santo Daime, ou a religião do vegetal ou a doutrina do Mestre Irineu, como também é identificada, nasceu dentro da floresta.

A sua mensagem, que se encontra reunida na forma de coleções de hinos recebidos pelos mestres e adeptos, prega o amor pela natureza e consagra o mundo vegetal e todo o planeta como sendo o cenário sagrado da nossa mãe-terra.

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